domingo, 27 de novembro de 2016

Planos que não estavam nos planos

                                   Labyrinth

A vida é uma caixinha de surpresas, já diz o ditado-clichê. E se eu nunca imaginei passar por problemas de infertilidade, menos ainda pensava em tomar decisões alternativas para conseguir engravidar. Mas como, além de ser uma caixinha de surpresas, o mundo dá voltas, cá estou com um plano B e um plano C.

Na verdade o plano que agora é C chegou a ser o plano A, mas, bem, não é à toa que os clichês existem. Depois do último tombo, pensamos em desistir. Vimos que nosso embrião parou de se desenvolver no 5o dia, que realmente nossas chances são muito, muito pequenas. Eu e marido conversamos por telefone com o médico, que basicamente disse que poderíamos continuar tentando por nossa conta e risco, sabendo que as probabilidades de dar certo são ínfimas.

Eu, que inclusive já escrevi aqui que a ovodoação não era uma opção pra mim, aceitei algo visto por muitos como ainda mais radical - e menos falado: a embriodoação. Depois que vi uma reportagem sobre uma mulher que teve produção independente adotando embriões, fiquei refletindo muito. Pesquisei bastante e vi que é muito baixo o número de casais que optam por doar seus embriões excedentes e que, por isso, é enorme o número de embriões congelados nas clínicas - do Brasil e do mundo - que acabarão descartados ou congelados pra sempre. Geralmente o casal que disponibiliza seus embriões para doação é aquele que enfrentou muita dificuldade no processo e entende como poderá ajudar outras pessoas. É um gesto belíssimo. Mas não julgo quem não o faz - tudo que envolve a reprodução humana com a ajuda da ciência ainda é muito novo e complexo. Nós mesmos, na primeira FIV, colocamos no contrato que não doaríamos embriões excedentes. E hoje pensamos totalmente diferente: tudo que queria era ter muitos embriões para mim e para doar para quem também precisa.

Conversamos com o médico sobre essa opção, que nos explicou sobre a questão de o banco de embriões não ser muito extenso mesmo numa clínica de grande porte, e nos colocou em contato com a equipe de embriologia. Preenchemos um perfil bem genérico de nossas informações (peso, altura, cor, origem) e rapidamente tivemos retorno: encontraram dois embriões congelados com características semelhantes que poderíamos adotar.

Fiquei muito feliz! Assim quem sabe já poderia estar grávida em novembro, ainda em 2016.

Aceitei de coração mesmo essa opção e sei que ficaria plenamente feliz e realizada com meu filho (ou filhos) adotados e gerados por mim.

Só que, como tudo é muito complexo, ao mesmo tempo em que já me via grávida ainda esse ano, fiquei com algumas caraminholas na cabeça. E algo me fez repensar a ovodoação. O principal ponto foi imaginar um cenário bem radical em que meu filho nascesse ou tivesse alguma doença genética e que pudesse precisar de doação - de sangue, órgão ou medula. Nesse tipo de caso (raríssimo, eu sei, e tão provável ou improvável quanto numa gravidez natural) as clínicas são obrigadas a fornecer os contatos dos pais biológicos. Um cenário bem complexo e de muitas variáveis, que poderia ser "facilitado" pelo fato de o filho ter 50% do material genético do meu marido. Então foi pensando nisso que a ovodoação se abriu como uma possibilidade pra mim. Tenho que pensar no que é melhor para o meu filho.

Então escrevi pra embriologista que tão rapidamente encontrou os embriões congelados para adotarmos. Expliquei minhas razões, contando que ela compreenderia que tomar decisões desse tipo é algo muito difícil. E ela foi super compreensiva e gentil, nos colocando dessa vez em contato com o setor de Terceira Via da clínica - o que é responsável pela ovodoação.

Também rapidamente tivemos o retorno da enfermeira da Terceira Via, que nos enviou documentos e explicou um pouco sobre o processo. Dessa vez, ao preencher a ficha com nossos dados, anexamos também uma foto. A primeira frustração veio quando ela disse que o processo costuma levar de três a seis meses. Enquanto os embriões já estavam disponíveis para a adoção, agora teríamos que aguardar 1) uma mulher com características fenotípicas semelhantes optar por ser ovodoadora e 2) a fila, pois há muito mais mulheres aguardando para receber um óvulo doado do que para adotar um embrião.

Inicialmente isso me frustrou muito. Porque pode ser que só consigamos um óvulo depois de março do ano que vem, quando eu já tiver completado 34 anos. O que são mais seis meses para quem começou as tentativas com 29 anos? MUITO. É muito tempo. Caso dê certo e eu consiga engravidar pode ser que meu filho nasça somente em 2018.

Isso me deu realmente vontade de voltar atrás e permanecer com a opção da embriodoação. Eu não queria esperar tanto mais. Me imaginar talvez grávida ainda neste Natal acalentou meu coração. Mas depois me acalmei. Tudo isso está rolando há quase dois meses. Relutei em escrever sobre o assunto porque, como já repeti mil vezes, é tudo muito muito complexo e ainda tenho muitas dúvidas e questões. E pode ser que eu ainda mude de ideia. Até eu estar grávida com um bebê na barriga não digo que nenhuma decisão é definitiva.

18 comentários:

  1. Olá amiga,
    Fico feliz que possa ter cogitado os planos B e C, vemos que nem tudo está perdido.
    Aparentemente a adoção de embrião é bem mais simples e barata do que a adoção de óvulos...certa vez vi um depoimento de uma tentante que adotou óvulos de outra paciente e implantou um e congelou os outros, mas acabou não dando certo esta primeira tentativa. Ela queria tentar de novo com os congelados, mas a clínica afirmou que teriam q entrar em contato com a doadora pra ver se ela autorizava e não conseguiram mais pedir autorização para a doadora pois os telefones não atendiam e ela não respondeu os e-mails, em resumo, a "adotante" acabou pagando caro e ficando somente com 1 óvulo....
    Já com o embrião é diferente, se der certo, tudo bem, se não der, é possível tentar novamente, sem ter que ficar contatando os doadores para pedir autorização...
    Estou na torcida por você!
    Abraços

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    1. Que coisa! Na clínica onde faço tratamento adotam-se todos os embriões cedidos pela doadora, então acredito que não teria esse problema.
      Mas obrigada pela dica, é fundamental ler todos os tópicos do contrato com atenção.

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  2. Complicado expressar alguma opinião a respeito disso. Partir para os planos B e C é algo tão difícil e tão pessoal, né. Independente da escolha, estou torcendo que todas a pecinhas se encaixem. E que logo você possa viver seu comercial de margarina =D Bjs

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    1. Obrigada, mom. É mesmo muito pessoal. Tb quero logo meu comercial de margarina (pode ser de requeijão? Nao curto margarina não!)

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  3. ahhh fiquei tão feliz de saber as novidades =)

    Eu não conhecia nada a respeito da embriodoação, tô lendo aqui pela primeira vez, mas confesso que achei a ideia linda (tanto de quem doa quanto de quem adota)!

    Agora uma duvida: vc não poderia adotar mais de 1 embrião excedente do casal doador? No caso de gestação gemelar (ou de uma segunda gravidez), um irmão poderia 'salvar' o outro em algum caso extremo... Olha eu me metendo, que coisa feia!

    Independente da escolha de vocês, tô aqui torcendo muito pra logo logo esse forninho estar cheio =)

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    1. É mesmo linda a embriodoação. Pode-sim adotar e implantar dois embriões (inclusive é assim que costuma ser feito), mas a gravidez gemelar não é garantida, né... Bjs!

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  4. Bom dia! Tenho experiência com a ovodoação, já fiz duas, e posso te dizer que dependendo do teu fenotipo e tipagem sanguínea não é tão difícil encontrar a doadora, na primeira clínica esperei 1 mês e meio, na segunda já havia doadoras para mim mas o problema era e continua sendo meu endométrio. Vc pode se cadastrar em várias clínicas.Torcendo por vc!

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    1. Bom dia, Gabi! Poxa, foi mesmo rápido pra vc. Por enquanto decidimos nos cadastrar somente em uma clínica. Esse ano de 2016 tá mesmo puxado. Torcendo para seu endométrio se fortalecer em 2017! Bjs!

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    2. A louca que responde "bom dia" às 22:52 hahahah

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  5. Estou buscando a ovodoação compartilhada...andei procurando em algumas clinicas proximas...realmente é um assunto complicado, mas eu já tinha uma ideia de doação..achava legal poder doar...ovulo não é igual sangue que você vai lá e doa...doar sem um tratamento não é possivel...apesar de ainda não termos um diagnostico fechado que teremos de partir para uma IA ou FIV comecei a pesquisar (minha irmã fala que eu vou ter meu DNA por ai).
    Que tudo de certo...vou ficar na torcida de pompom na mão!
    Beijos

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    1. Thais, vc vai pesquisar para ser ovodoadora, certo? Muito bacana caso seja essa a sua decisão. E realmente reduz bastante os custos de uma FIV. Caso opte por isso, saina que estará ajudando muitas mulheres. Bjs!

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  6. Te entendo perfeitamente.Acho q temos os planos parecidos e quando as coisas nao saem como a gente planeja parece q ficamos meio q sem rumo.Eu tbm estava animada e já sonhando estar gravida no natal e agora vamos ter q adiar os planos por conta do mioma e se eu engravidar no ano q vem só vai nascer em 2018.
    Sobre a ovodoação é complexo mesmo.Acho q tudo oq se envolve com adoção é complexo.Mas estou torcendo por vc e aguardando notícias!

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    1. Obrigada pelo carinho, Luh. Já será o quarto Natal em que achei que pudesse estar grávida... Tb quero notícias suas. Bjs

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  7. Decisão difícil... mas dá uma pesquisadinha sobre coleta de células tronco do cordão umbilical... talvez isso te ajuda em uma decisão.
    Beijos...

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  8. Oi barriga, fico feliz por vc ter plano B e C. Deus vai orientar como terá seu bebê se por meio de ovodoação ou de embrião doado, confie Nele. Mas uma coisa posso lhe dizer vc será mamãe.
    Na torcida!
    Beijos
    Ptt (Fiv-Amadurecimento da Alma)
    http://fivamadurecimentodaalma.blogspot.com.br/?m=1


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    1. Obrigada! Acredito que serei, da forma que tiver que ser. Bjs e obrigada pela torcida de sempre

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