Quando ele falou, eu já sabia que isso significaria mais um ciclo interrompido. Pouco depois me ligaram da clínica de SP, a pedido do médico, informando que deveria mesmo suspender a medicação e interromper o ciclo. De novo. De novo. De novo. De novo.
Mais um ciclo perdido, esperanças jogadas no lixo. Mas meu coração se despedaçou mesmo quando o médico me ligou, no fim do dia. Achava que ele poderia fazer alguma nova proposta, sugerir uma alternativa, mas ele enfiou logo uma faca no meu peito. Disse que tinha que ser realista e que eu tinha que saber que existe um limite. "Podemos achar caminhos para vencer a dificuldade. Mas tudo na vida tem um limite". E que eu e meu marido precisávamos entender qual era o nosso limite. Que poderíamos tentar exaurir todas as nossas possibilidades, mas sabendo que nossas chances são mínimas. Basicamente jogou a decisão pra gente.
Eu perguntei sobre o remédio, porque tenho a impressão que não me dou bem com essa medicação (usada também na quarta FIV, mas não nas 3 primeiras) e ele disse que dava no mesmo, que os remédios eram todos parecidos. Mas que, caso eu decidisse tentar mais um ciclo, ele poderia trocar a medicação para o estímulo. E depois eu não consegui falar mais nada, estava em prantos, agradeci chorando e desliguei.
Pela primeira vez, em todos esses anos de tentativas, eu pensei em desistir. Pela primeira vez consegui admitir a ideia de que eu talvez não tenha sido feita para engravidar mesmo. Pela primeira vez eu me imaginei tendo que aprender a lidar com essa frustração ao longo de toda a minha vida. Pela primeira vez eu reconheci que talvez não haja avanço científico capaz de me ajudar. E como tudo isso doeu - ainda está doendo e não sei se vai parar de doer.
Nem nos meus piores pesadelos eu imaginei que não seria capaz de engravidar. É difícil acreditar que isso esteja acontecendo comigo. Mil coisas passam pela minha cabeça: por que eu não fui avisada que a infertilidade era uma possibilidade, por que não congelei meus óvulos aos 20 anos, por que não fiz uma FIV logo em 2013? Mas a principal é: como serei capaz de suportar essa angústia? Eu realmente não sei.
Me sinto fora do mundo. Não conheço ninguém da minha idade que já tenha enfrentado quatro fertilizações, ninguém que possa fazer brotar alguma ponta de esperança. Na internet nunca encontrei relatos e nem blogs de mulheres que tenham feito tantos tratamentos como eu - se alguém souber e puder compartilhar, agradeço. Elas existem - eu já li um livro que mencionava uma mulher que fez 14 FIVs e conseguiu engravidar - mas não sei onde encontrar suas histórias.
Quando penso que tenho 33 anos, menstruo regularmente e ovulo também fico me perguntando: será que nunca vai dar certo? Será que se eu fizer 10 FIVs eu não vou mesmo engravidar?
No sábado de manhã o médico paulistano me escreveu. Eu tentei fazer com que ele não percebesse meu choro, mas foi meio impossível, então acho que ele se sentiu culpado. E falou sobre um medicamento relativamente novo, chamado Elonva, que consiste em uma única injeção com uma dose de remédio equivalente a de vários dias, que pode contribuir para manter constantes os níveis hormonais em mulheres más respondedoras. Pesquisei bastante e vi que os estudos em más respondedoras ainda são insuficientes, mas há indícios de que pode funcionar bem para esse grupo de mulheres no qual me encaixo. Nada milagroso. No meu caso já sabemos que não vou nunca produzir 20 folículos após uma estimulação. Mas decidi experimentar esse remédio no próximo ciclo.
Sem expectativas, que já não as tenho mais, sem esperanças, que já foram todas jogadas no lixo, sem acreditar, porque a fé não costuma, mas ela falha.
Eu perguntei sobre o remédio, porque tenho a impressão que não me dou bem com essa medicação (usada também na quarta FIV, mas não nas 3 primeiras) e ele disse que dava no mesmo, que os remédios eram todos parecidos. Mas que, caso eu decidisse tentar mais um ciclo, ele poderia trocar a medicação para o estímulo. E depois eu não consegui falar mais nada, estava em prantos, agradeci chorando e desliguei.
Pela primeira vez, em todos esses anos de tentativas, eu pensei em desistir. Pela primeira vez consegui admitir a ideia de que eu talvez não tenha sido feita para engravidar mesmo. Pela primeira vez eu me imaginei tendo que aprender a lidar com essa frustração ao longo de toda a minha vida. Pela primeira vez eu reconheci que talvez não haja avanço científico capaz de me ajudar. E como tudo isso doeu - ainda está doendo e não sei se vai parar de doer.
Nem nos meus piores pesadelos eu imaginei que não seria capaz de engravidar. É difícil acreditar que isso esteja acontecendo comigo. Mil coisas passam pela minha cabeça: por que eu não fui avisada que a infertilidade era uma possibilidade, por que não congelei meus óvulos aos 20 anos, por que não fiz uma FIV logo em 2013? Mas a principal é: como serei capaz de suportar essa angústia? Eu realmente não sei.
Me sinto fora do mundo. Não conheço ninguém da minha idade que já tenha enfrentado quatro fertilizações, ninguém que possa fazer brotar alguma ponta de esperança. Na internet nunca encontrei relatos e nem blogs de mulheres que tenham feito tantos tratamentos como eu - se alguém souber e puder compartilhar, agradeço. Elas existem - eu já li um livro que mencionava uma mulher que fez 14 FIVs e conseguiu engravidar - mas não sei onde encontrar suas histórias.
Quando penso que tenho 33 anos, menstruo regularmente e ovulo também fico me perguntando: será que nunca vai dar certo? Será que se eu fizer 10 FIVs eu não vou mesmo engravidar?
No sábado de manhã o médico paulistano me escreveu. Eu tentei fazer com que ele não percebesse meu choro, mas foi meio impossível, então acho que ele se sentiu culpado. E falou sobre um medicamento relativamente novo, chamado Elonva, que consiste em uma única injeção com uma dose de remédio equivalente a de vários dias, que pode contribuir para manter constantes os níveis hormonais em mulheres más respondedoras. Pesquisei bastante e vi que os estudos em más respondedoras ainda são insuficientes, mas há indícios de que pode funcionar bem para esse grupo de mulheres no qual me encaixo. Nada milagroso. No meu caso já sabemos que não vou nunca produzir 20 folículos após uma estimulação. Mas decidi experimentar esse remédio no próximo ciclo.
Sem expectativas, que já não as tenho mais, sem esperanças, que já foram todas jogadas no lixo, sem acreditar, porque a fé não costuma, mas ela falha.