Ontem foi o meu primeiro Dia das Mães. Quer dizer, o primeiro com minha filhas na barriga. Ganhei presentes lindos do marido, parabéns de várias pessoas e fiquei muito feliz. Decidi até exibir a gravidez no Facebook, coisa que não é do meu feitio, postando uma foto de nós quatro e da barriguinha despontando. Recebi uma avalanche de comentários carinhosos e de vibrações positivas que me deixou ainda mais feliz.
Só que, no fundo, eu só pensava nas mulheres que, nessa data, não veem motivos para comemorar. Seja porque estão tentando engravidar e não conseguem, por já terem feito uma ou mais tentativas de FIV, por terem perdido seus filhos no começo ou no fim da gravidez, ou quando eles já eram maiores, por serem refugiadas e terem precisado deixar o filho para buscar sobrevivência em outra terra ou ainda por não terem mais suas mães por perto.
Porque ontem umas dessas mulheres era eu. E eu nunca vou esquecer como sempre me senti desamparada - pela sociedade, amigos e até família - nesse dia. Como nunca me identifiquei com as propagandas, que me faziam chorar pelos motivos errados. Como quando, ao receber uma rosa no trabalho ou um bombom no salão de beleza no segundo domingo de maio, eu me sentia um fracasso de mulher. Não que nos demais dias do ano me sentisse de outra forma, mas o Dia das Mães intensificava a angústia.
Hoje eu tenho o privilégio de estar grávida e à espera das minhas filhas. Mas sempre vou me solidarizar com as mulheres que ainda não conseguiram realizar o sonho de ser mãe. Desejo que tenham força para encarar a jornada e serenidade para lidar com as difíceis decisões impostas por esse processo. Estamos juntas.
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Mais um post escrito no metrô há quase um mês e não publicado na data correta.