segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Copo meio cheio, meio vazio

Duality

Então chegou a segunda-feira, o quinto dia pós-fertilização, o D5. Como no sábado me ligaram por volta das 8h30, quando deu esse horário hoje já comecei a ficar nervosa. Então umas 9h e pouca tocou o telefone, aquele número desconhecido que dá borboletas no estômago. Corri pro banheiro da firma pra atender.

Era a embriologista da clínica, que informou que nosso embrião continuou evoluindo! Virou um blastocisto com cerca de 100 células! Conseguimos chegar ao tão temido D5. A má notícia é que, embora o número de células esteja dentro do esperado, o embrião não está "expandido" como serial o ideal. Assim, eles decidiram deixar crescendo por mais 24 horas, para ver se amanhã, no sexto dia, ele estará expandido e com as condições ideias seja para a biópsia, seja para o congelamento.

Eu perguntei se não poderíamos congelar logo hoje, no D5, mas ela explicou que, lá na clínica, eles apenas congelam se o embrião tiver com o número de células e formato adequado - a tal da expansão. Esse é o estágio ideal tanto para fazer a biópsia - caso decidamos por ela - quanto para congelar.

Segundo a embriologista, nosso embrião está um pouco abaixo do esperado para o dia de hoje, mas não é incomum que o embrião se expanda do quinto para o sexto dia. E aí eu, experiente em FIV mas inexperiente em blastocisto, aprendo mais uma coisa: pode existir blastocisto no D6. Nunca tinha nem ouvido falar, só lia sempre sobre D5.

Tentei em alguns momentos pesquisar pelo celular durante o dia de trabalho, mas não consegui avançar muito. Já se passaram 12 horas desde a ligação da embriologista. Faltam só mais 12. Fiquei feliz, bastante, por saber que nosso embrião teve a capacidade de chegar ao quinto dia. Mas é só amanhã que teremos uma resposta definitiva - caso não evolua, teremos o diagnóstico de que não era um bom embrião. Realmente o copo está meio cheio E meio vazio.

E por que é tão melhor o blastocisto? De acordo com a American Society of Reproductive Medicine são quatro razões principais:

  1. Maiores taxas de implantação;
  2. Oportunidade de selecionar os embriões mais viáveis para a implantação;
  3. Diminuição potencial do número de embriões transferidos (o que restringe as chances de gravidez múltipla, mais arriscada);
  4. Melhor sincronização entre o estágio de desenvolvimento do embrião e do endométrio no momento da implantação.
Encontrei também um estudo que compara as taxas de gravidez de blastocisto expandido no D5 e implantado no D5, blastocisto expandido no D5 e implantado no D6 e blastocisto com expansão tardia no D6 implantado no D6. Então entendi porque sempre ouvi falar apenas de D5: é que, segundo a pesquisa, o dia ideal para implantação é o quinto após a fertilização. De acordo com esse estudo, as taxas de implantação, resultado positivo, gravidez completa e nascimento vivos foram quase o dobro nos dois primeiro grupos: 40% x 19% do último grupo (D6). As taxas de gravidez foram, respectivamente, 60,9%, 64% e 31,8 e as de nascidos vivos 52,3%, 56% e 27,3%. Isso indica que embriões com expansão tardia têm menos qualidade. O estudo não se pretende ser universal, a amostra era pequena e os autores levantam alguns poréns, mas traz indícios.


Achei a imagem abaixo bem interessante. Mostra os diferentes estágios do óvulo desde a saída do ovário, fertilização, passagem pelas trompas e chegada ao útero no caso de uma gravidez natural e ajuda a entender quais os passos "acelerados" pela FIV e porque é tão mais vantajoso implantar um blastocisto.






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