quinta-feira, 19 de maio de 2016

A consulta na terra da garoa: novas esperanças




Passing hope

Voltamos da ida relâmpago a São Paulo. Fomos na terça à noite - deu tempo até de comer um pizza paulistana bem boa. Ficamos um hotel bem ruinzinho, mas pertinho da clínica, onde a consulta estava marcada pras 13h da quarta-feira, 18.

Dava até pra ir a pé, mas, como chovia muito, pegamos um uber e chegamos lá por volta de 12h30. Finalizamos os cadastros com a secretária, entregamos os exames recentes e nossos nomes foram colados numa pastinha. Tudo bem ágil e organizado. Esperamos um pouco na recepção, porque chegamos adiantados, e fomos chamados pontualmente às 13h. Um médico que não atrasa já ganha muitos pontos comigo - sei que um ginecologista especializado em fertilidade pode ter emergências, uma punção que precisou ser adiantada, uma paciente que pode ter uma complicação, mas o nosso último médico atrasava demais, então, ser chamada na hora é um alívio. 

A boa primeira impressão que tivemos da clínica se confirmou com o médico: gostamos muito dele. Simpático, didático, organizado, otimista e realista. A consulta durou mais de 1h30, o que também é raro, e nesse tempo ele falou várias coisas, nós tiramos muitas dúvidas. Alguns dos pontos tratados:

  • Ele acha que, nesses 3 anos e meio, fomos muito bem investigados. Não vai nos pedir exames complementares. Está muito claro que o nosso problema é o que ele chama de "fator ovariano", ou seja, a minha baixa reserva e possível falência ovariana precoce.

  • O que ele acha importante saber é se eu ainda tenho capacidade de produzir óvulos de qualidade. Caso eu não tenha, talvez não valha continuar insistindo na FIV. Mas ele disse também que mulheres com baixa reserva ovariana e menos de 35 anos têm mais chances de ainda produzirem óvulos de qualidade.

  • A forma de saber se eu ainda sou capaz de produzir bons óvulos ou não é por meio da biópsia do embrião. A biópsia, que geralmente é feita no 5o dia de desenvolvimento do embrião, determina se o embrião é cromossomicamente normal ou não. Com o resultado de um embrião cromossomicamente normal, a chance de gestação é de aproximadamente entre 65 e 70%, independentemente da indicação e da idade da mulher. Pro nosso caso, de baixa reserva e repetidas falhas de implantação, ele recomenda que façamos a biópsia.

  • Na clínica eles só fazem implantação de embriões em estágio de blastocisto, no 5o de desenvolvimento (D5). São raras as exceções em que implantam em D3. Ele disse que com um embrião de dois dias com duas células, como na nossa última FIV, as chances eram realmente mínimas. Nós tivemos quatro embriões D3 na primeira clínica e um D2 na segunda. Ele ficou com rodeios para dizer, mas eu falei logo: ninguém quis pagar pra ver se chegaria a D5, né? E ele concordou. E disse que chega uma hora no tratamento em que você precisa arriscar. Se nosso embrião não chegar a D5, ele possivelmente não irá evoluir dentro do útero. Mas e a teoria de que o embrião tem mais chances de se desenvolver no corpo da mulher do que fora (argumento usado pelo último médico para implantar no D2)? Segundo ele, essa teoria só é verdade se o laboratório, o biólogo e o embriologista não forem bons. Como o laboratório da clínica é reconhecidamente o melhor da América Latina,  ele garante condições de reprodução in vitro equivalentes às humanas. Gostei dessa confiança e concordo em esperar para ver se chega a D5 na próxima. Um embrião no estágio de blastocisto tem de 50 a 100 células! Compara com nosso último embriãozinho que tinha somente duas células e calcula as chances de dar certo em cada caso...

  • Ele fez uma ultra e viu que meu ovário direito está realmente diminuído e só tinha um folículo minúsculo. No ovário esquerdo ele viu três folículos, de tamanhos até bons: 16mm, 8,5mm e um pequenino. Nessa mesma fase, uma mulher com reserva ovariana normal costuma ter de 7 a 10 folículos em cada ovário...
E quais são os próximos passos?  

What's the next step?

Para começar, ele me passou duas medicações: testosterona em gel, que eu já usei na última FIV com objetivo de estimular a produção folicular. Mas dessa vez vou começar a passar com muito mais antecedência. O outro remédio foi a Coenzima Q10, um antioxidante que pode ajudar a prevenir o envelhecimento do ovário e dos folículos e que tem contribuído para o sucesso de algums FIVs - sem nenhuma garantia, claro.  Além disso, continuo tudoo que já tomo: ácido fólico, vitamina C, vitamina D e vitamina B e o remédio pra controlar a prolactina.

Agora vamos esperar o próximo ciclo começar. Quando eu ficar menstruada, ele deve passar um regulador de menstruação (não é pílula, porque ele acha que é sintético demais) para poder controlar o início do outro ciclo, quando, então, deveremos dar início à FIV. Isso deve ser apenas em julho. Eu já queria começar hoje, ontem, anteontem de preferência. Mas vamos aguardar porque não temos muita alternativa mesmo é o melhor a fazer. 

Ele indica um profissional para fazer as ultras de acompanhamento no Rio, então eu precisaria ir para São Paulo somente para a última ultra, coleta dos óvulos e transferência, o que já ajuda bastante a operacionalizar o tratamento em outra cidade. Seriam só 4 ou 5 dias em Sampa, e não todo o tratamento, então é mais fácil de conseguir dar um jeito no trabalho. E se tiver que correr pra SP dá até pra pegar um ônibus na madruga pra chegar lá cedinho e economizando, porque ponte-aérea em cima da hora é uma facada...

O post ficou enorme. Tem mais algumas coisas que o médico falou e novas questões e reflexões que surgiram. Mas vou escrevendo sobre elas nos próximos dias. Mas o melhor de tudo é que as esperanças se renovaram, ao menos um pouco. 


20 comentários:

  1. Pensei muito em vocês! Fico muito feliz com as esperanças renovadas e tô aqui torcendo pelo blastocistozinho de vocês.

    Amei a imagem que você usou na abertura do post. Tão delicada, tão significativa.

    Bjs

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    1. Linda a imagem, né? Achei ao digitar "hope" no dribbble, que é um site onde designers expõem seus trabalhos (clicando vai pra página do artista). Obrigada pela torcida, quero muito esse blastocisto! bjs

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  2. Tomara que dessa vez dê certo! Se precisar de alguma ajuda aqui em São Paulo, me avisa... posso tentar correr atrás de alguma coisa...
    Beijos...

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  3. Adorei as novidades!!!
    Aguardando julho ansiosamente!!!
    Beijos

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  4. A única certeza que tenho é que não podemos desistir...Fé e persistência sempre!E vc tem sido exemplo disso,tbm continuo minha luta as vezes na vdd muitas vezes bate o desespero mas a vdd é que a cada dia estamos mais próximas do nosso positivo. Vai dar tdo certo bjs

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    1. Muitas vezes bate o desespero, Ana, mas você disse tudo: não podemos desistir. Beijos e também estou torcendo por você.

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  5. Oi. O médico não te pediu o exame antimulleriano? Este exame diz como está tua reserva ovariana.Quando eu fiz estava com 0,10, ou seja menopausa e tive que partir para a ovodoação.

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    1. Oi Gabi, pediu sim. Fiz esse exame em fevereiro de 2015 e deu 0,9. Eu até ia repetir agora, mas o laboratório não cobre e o médico disse que não faria muita diferença, que talvez tenha caído um pouco, mas que já sabemos que meu problema é mesmo a baixa reserva. E funcionou pra você com a ovodoação? Vc tem blog? Não encontrei. Bjo!

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    2. Seria que é 0,90? Porque no meu caso quando mostro o exame 0,10 os médicos já me dizem que somente com ovodoação. Tenho blog onde conto minha história é: http://sonhardenovobb.blogspot.com.br/. É uma decisão difícil partir para a ovodoação, mas conheço muitas histórias de mulheres que tentaram muitas vezes com seus próprios óvulos e não conseguiram e quando partiram pra a ovodoação conseguiram.

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    3. Oi Gaby! Entrei no seu blog, que história a sua! Até me emocionei lendo os posts.
      Fiquei encucada com a questão do Centro de Fertilidade, dos óvulos doados. Isso porque também tenho baixa reserva e, conforme for, terei q fazer com ovodoação. Me consultei com a filha do Dr. Karam, a princípio gostei dela, e pensava em fazer FIV com ela no final do ano, mas fiquei com os dois pés atrás depois de ler seu post. Como assim, o óvulo é doado para você, mas não é seu? Fiquei muito preocupada!
      Desejo boa sorte no seu tratamento, que venha seu positivo!!

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    4. Tô lendo seu blog agora, Gabi. Vou te acompanhar. Torcendo por vocês, meninas.

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  6. Oi gente, sou o marido da blogueira, essa mulher extraordinária! Que sorte a minha, não é?

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    1. Que sorte sim! Uma mulher guerreira e determinada.
      Ja estou seguindo a história de vcs e na torcida pelo positivo.
      Se quiserem conhecer e torcer pelo meu tb meu blog é www.dosonhoamaternidade.blogspot.com.br
      Bju

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    2. Obrigada, Aninha. Vou conhecer seu blog e te acompanhar. Beijos

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  7. Que bom que tudo está se encaminhando!
    Deus os abençoe!
    Beijos

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  8. Olá! Acabei de conhecer seu blog. Uma coincidência danada, pois acabo de fazer uma TEC em D2, com 4 células e 20% de fragmentação. Foi a minha primeira FIV. Tenho AMH de 0,5 e já passei por duas cirurgias para retiradas de endometeiomas em AMBOS os ovários. Minha reserva já era baixa antes da cirurgia... :/ A estimulação dessa primeira FIV resultou em 9 folículos captados, mas apenas 2 óvulos... :/ Os dois foram fertilizados. Um deles transferido logo na sequência. Deu negativo. Meu primeiro negativo. Depois de um ciclo espontâneo transferimos esse segundo. Confesso que estou um pouco cismada com essa conduta do meu médico de ter transferido e congelado em D2 e ler o seu relato desse post diminui minhas esperanças. Faço o meu beta daqui a 10 dias. Se der certo, passo aqui pra te contar. Estou na torcida por vcs!

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    1. Oi querida! Existem sim relatos de positivos com transferência em D2, é mais difícil, claro, mas não é impossível. O médico explicou porque escolheu congelar em D2? Pq meu ciclo com embrião D2 foi a fresco. Vc tem blog? Venha sim dar notícias. A rede virtual tem sido um importante ponto de apoio. Saiba que estou na torcida para seu positivo daqui a 8 dias, mandando muitas energias positivas. Vc tem blog? Bjs!

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